Exposição no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB ) traz a obra do Mestre Espedito Seleiro para o Rio de Janeiro
Da sandália de Lampião às passarelas de moda, o traço do Mestre Espedito Seleiro
enreda a tradição do Ceará e mostra a cultura da Chapada do Araripe para o mundo.
Durante seis meses, o CRAB expõe o ofício do couro de cinco gerações que
permanecem no tempo com a força da memória
Ribamar Oliveira | Assessoria de Imprensa – Estúdio Sauá
Através das costuras do couro nas paisagens do Ceará, a exposição “Mestre de
ofício, Espedito Seleiro” ocupará as salas do Centro Sebrae de Referência do Artesanato
Brasileiro (CRAB) a partir do dia 2 de setembro, no Rio de Janeiro, reunindo 82 anos da
trajetória de um dos maiores artesãos de couro no patrimônio da Chapada do Araripe,
região do Cariri. Com curadoria de Alemberg Quindins e Mercês Parente, produção da
Fundação Casa Grande e do Estúdio Sauá e realização do CRAB, o público da exposição
fará um percurso entre a memória do Mestre Espedito Seleiro pela cidade de Nova Olinda
e o Ciclo do Couro na arte do Ceará através dos caminhos da arte no Nordeste brasileiro.
Reconhecido desde 2008 pelo Estado do Ceará como Tesouro Vivo da Cultura
Popular, o Mestre Espedito Seleiro faz história da pequena cidade de Nova Olinda para o
mundo, colocando em prática o saber de 5 gerações pela arte do couro. Em 1949, aos 9
anos, o Mestre fez a sua primeira peça que foi um baú de joias para a sua mãe. Desde
então, ele conta que nunca faltou força para criar no couro, cumprindo a tradição que veio
do seu avô e hoje alcança às mãos dos seus netos. Com apenas a faca deixada pelo seu
pai, que teve como cliente o cangaceiro Lampião Virgulino, ele fez do couro uma forma
de manter o sustento familiar e a economia criativa regional, sendo o primeiro Mestre a
ser contemplado com um museu orgânico no Cariri, a exemplo do “Museu do Ciclo do
Couro – Memorial Espedito Seleiro” que resguarda a sua história.
Em 11 salas, a memória do Mestre Espedito Seleiro apresentará no couro o traço
de uma época, percorrendo os caminhos das boiadas, a figura do vaqueiro e o Ciclo do
Couro na temporalidade própria dos saberes da Chapada do Araripe. Segundo Alemberg
Quindins, o curador da exposição e fundador da “Casa Grande – Memorial do Homem
Kariri”, conta que a ideia da exposição surgiu do seu percurso ao lado do Mestre Espedito
Seleiro. “Essa exposição tem toda participação da meninada da Casa Grande, de certa
forma, é um Espedito Seleiro visto pela ótica da fundação, tendo a Chapada do Araripe
como patrimônio da humanidade e ele como ícone desse mesmo patrimônio. Temos um
pensamento de não mostrar só o Seu Espedito, mas uma cultura da região pela intervenção
dele no Ciclo do Couro”, explica.
Durante seis meses, de setembro de 2021 a março de 2022, o público visitante
poderá gratuitamente seguir um percurso sensorial em uma poética relacional, onde a voz
em primeira pessoa de Espedito Seleiro por meio dos sons, das imagens, dos gestos e das
peças, remonta a tradição da arte popular pela reinvenção do cotidiano na cultura. De
acordo com a curadora Mercês Parente, a história do CRAB como espaço e a trajetória
do Mestre Seleiro como artesão se merecem na composição da exposição, principalmente,
pelo cenário social e político da partilha da cultura no nosso país. “É um dos momentos
que nos faz sair do isolamento e da tristeza, pois nos faz saber que há um olhar para a
cultura brasileira e para os mestres que fazem o contemporâneo com a nossa história.
Encantará os olhos cariocas, estrangeiros e brasileiros através de uma viagem”, finaliza.
Serviço
Na Exposição existe uma sala totalmente dedicada ao Patrimônio da Chapada do Araripe com o Qr code da Petição de Apoio a Candidatura da Chapada do Araripe a Patrimônio dá Humanidade pela Unesco.
Local: Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB)
Praça Tiradentes, 69-71, Centro, Rio de Janeiro – RJ.
Horário: terça a sábado das 10 às 17h – gratuita